terça-feira, 16 de março de 2010

Vulcões submarinos têm grande capacidade de absorver CO2.


Uma ampla rede de vulcões submarinos bombeando água rica em nutrientes para o oceano Meridional, que cerca a Antártida, exerce um importante papel na absorção de grandes quantidades de CO2 (dióxido de carbono), funcionando assim como um freio para a mudança climática. A ideia é defendida por cientistas australianos e franceses.

Eles demonstraram pela primeira vez que os vulcões são uma importante origem do ferro que os fitoplânctons (plantas unicelulares) usam como alimento, absorvendo o CO2 nesse processo.

Os oceanos absorvem cerca de um quarto do CO2 resultante da queima humana de combustíveis fósseis e do desmatamento. O trecho de oceano entre Austrália e Antártida está entre as maiores "fossas de carbono".

O fitoplâncton é a base da cadeia alimentar do oceano. Quando esses organismos morrem ou são comidos, levam consigo grandes quantidades de carbono, que acabam absorvidas pelo leito marinho, armazenando o carbono durante séculos.

Andrew Bowie, do Centro de Pesquisa Cooperativa sobre o Clima e os Ecossistemas Antárticos, em Hobart, na Tasmânia e um dos autores do estudo, diz que vários estudos já mostraram que os vulcões submarinos liberam ferro, porém algo mais detalhado sobre o carbono é inédito.

- Nenhum estudo levou em conta isso em um nível global nem considerou sua importância para o armazenamento de carbono no oceano Meridional.

Os vulcões estão espalhados ao longo de cordilheiras marítimas que marcam o limite entre grandes placas tectônicas. O estudo se baseou em medições de quanto ferro existe no oceano Meridional a profundidades de até 4.000 metros.

A pesquisa foi publicada na edição mais recente da revista científica Nature Geoscience.

O oceano Meridional em geral é pobre em ferro, o que dificulta o crescimento do microplâncton. Os cientistas já sabiam que o ferro pode ser soprado pelo vento ou ser originário de sedimentos litorâneos, mas essas são fontes variáveis.

Já o ferro dos vulcões profundos, segundo o estudo, é relativamente constante e responde por 5% a 15% do armazenamento de carbono no oceano Meridional, chegando em algumas regiões a 30%. Isso significa que os nutrientes do vulcão podem servir de alternativa quando outras fontes, como a poeira trazida pelo vento, variam.

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