quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Consumismo e desperdício são vilões do clima.


O crescimento populacional é um dos fatores que mais contribuem para o aumento nas emissões de gases do efeito estufa, mas não é o grande vilão. Mais do que o controle de natalidade, deve ocorrer uma mudança no padrão de consumo e no estilo de vida.

Essa é a análise da representante auxiliar pelo Fundo de População das Nações Unidas no Brasil (UNFPA), Taís Santos, que apresentou o relatório Estado da População Mundial 2009 nesta quarta-feira (18), em Brasília.

O desafio, segundo ela, será encontrar um padrão de desenvolvimento compatível a um estilo de vida sustentável.

- Vamos imaginar uma situação hipotética: que na Amazônia tenha uma população indígena de 10 mil habitantes e num país desenvolvido, como os Estados Unidos, também haja uma população de 10 mil habitantes. Vamos imaginar que a taxa de natalidade na Amazônia seja de 20% ao ano e que nos Estados Unidos seja de 2%. Imaginemos ainda que na Amazônia a população tenha um padrão de vida sustentável. Então, apesar da grande natalidade, a população da Amazônia vai ter menos impacto ambiental do que a população de um país desenvolvido, que cresce menos.

Apenas 7% da população mais rica do planeta é responsável por 50% das emissões de gases do efeito estufa, diz Taís.

A mulher e o clima

O relatório ainda relaciona o papel da mulher com a mudança climática. O estudo afirma que a maioria dos 1,5 bilhão de pessoas que vivem com menos de US$ 1 por dia são mulheres e que elas são mais afetadas pelas mudanças climáticas.

- Elas são socialmente mais vulneráveis e estão mais expostas aos desastres naturais.

Outro dado divulgado pelo estudo é sobre deslocamento humano. A mudança de clima pode contribuir para o deslocamento de aproximadamente 200 milhões de pessoas até 2050. Segundo Taís, o Brasil corre risco, pois grande parte da população brasileira vive no litoral.

- Essa movimentação populacional tende a acontecer dentro dos próprios países; essa migração deve ocorrer em etapas, e os governos devem estar preparados para isso.

Há ainda dados sobre a floresta Amazônica. O relatório diz que a Amazônica perdeu 500 mil km2 nos últimos 40 anos.

- Perdeu o equivalente a 12 mil km2 a cada ano, o que equivale a duas vezes e meia o Distrito Federal. A Amazônia poderá ter seu bioma modificado. Isso pode reduzir as chuvas em 20%. O sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão.

Os dados do relatório serão discutidos durante a Conferência da Organização das Nações Unidas para Mudanças Climáticas, que será realizada em Copenhague, na Dinamarca, em dezembro.

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